quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Ciúmes

Dois amigos ficam em uma reunião da Empresa.
Ambos ligam para casa avisando suas esposas
Uma diz: tudo bem, espero você, boa reunião.
E a outra esposa, permanece em silêncio.

Quando a reunião termina, a primeira recebe o esposo na porta, de braços abertos.
Conversam civilizadamente sobre o dia, e finalizam uma agradável noite.

Enquanto isso, o outro amigo, ao chegar em casa, é recebido com acusações, com julgamentos, exigindo explicações ‘verdadeiras’.
Uma noite terrível para ambos.
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Onde está a diferença?

Na cabeça.

Uma mesma situação, um mesmo motivo, mas – visões diferentes.

Ciúmes: um veneno para a própria alma e para todo e qualquer tipo de relacionamento. Como um 'animalzinho oculto' que corrói o coração.
Cegando a razão daquele que cultiva este nocivo ‘sentimento’.
Ultrapassa os limites do respeito. Acusa, julga, condena, ameaça, faz intermináveis cobranças, quando este já é algo doentio.




O ciúme 'saudável' pode até ser prazeroso, mas é preciso muito cuidado para não exceder o limite.

Por mais que a ‘vítima do ciúme’ ame seu companheiro (a), chega um momento em que a situação torna-se insustentável, sufocando o outro a tal ponto, que este fica saturado e inevitavelmente enfraquece o sentimento que os une: o amor.
Obviamente existem aqueles que realmente entregam de bandeja muitos motivos para o outro sentir ciúmes ou desconfianças, e isto também depende muito do ‘tipo de relacionamento’ e a cabeça de cada um. Não quer dizer, que todos falem a verdade.


Por outro lado, há aqueles que realmente são verdadeiros e sinceros em suas palavras. E estes, sofrem pela incompreensão de seu amado (a).

Ambos sofrem. A pessoa enciumada e o seu alvo.
Em que sentido?

Aquele que é dominado pelo ciúme, vive em constante pressão interna. Pensamentos sombrios acerca do outro, fazem parte de sua rotina diária.
Imagina coisas onde não existem. Enxerga a maldade nas atitudes mais simples do outro, quando este está com outras pessoas, acusando de traição, de falta de amor... enfim, uma ‘bateria’ de discussões sucede após uma ‘crise de ciúmes’

O desrespeito com o outro ultrapassa o limite do bom senso, dilacerando qualquer tentativa de uma conversa civilizada.
A mente ferve em busca de evidências para ter a chance de dizer: eu estava certo (a) em sentir ciúmes, você me traiu.

O convívio passa a tornar-se insuportável. As promessas de ‘confiança’ se repetem sem êxito. Até chegar o derradeiro momento da separação.

O mesmo acontece com amizades, na família em geral.
Cobranças, acusações, aquela velha história repetitiva.

Qual seria o motivo do ciúme?

Insegurança. Mas, como sentir segurança no outro, se este não me transmite a verdadeira segurança?

Acontece que antes de você sentir segurança em outra pessoa, você deve estar seguro de si. Confiar em si, em sua capacidade de amar e deixar-se amar. Não de seu jeito, mas como o outro ‘pode’ lhe amar. Exigir o seu modo de amar é desrespeitar a capacidade do outro, pois cada um dá o que tem, e isso basta.

Sentir ciúme exagerado de outra pessoa, é o mesmo que coloca-lo num pedestal e você ficar embaixo venerando.
Imagine esta situação. Você tão pequeno ao lado de seu ‘amor’, tentando alcançar sua mão, mas não consegue.

Por quê?
Porque você está tão distante, tão ausente de si mesmo, que mal consegue perceber a própria imagem refletida no espelho.
Colocou o outro tão acima de você mesmo, que o mais alto que você chegou foi ao chão. Ou seja, não estão em níveis iguais.

E onde um está acima demais, e o outro, coloca-se demasiadamente abaixo, o resultado inevitável é a solidão, a separação, do que talvez pudesse ser uma linda história de amor.
Ou, uma grande e verdadeira amizade.
Sim, pois casos assim são freqüentes igualmente na amizade.

O desrespeito pelo outro, a falta de amor próprio, a ausência da compreensão, conduzem saudáveis relacionamentos ao abismo, por conta do ciúme.

E o que fazer para acalmar este ciúme doentio?

Colocar-se no lugar do outro, imaginando o quanto dói ser acusado de algo que no íntimo, tem-se a certeza da inocência.

Confiar mais em si mesmo, reconhecendo suas virtudes e cultivar suas qualidades.
Recuperar a auto estima, que a esta altura já está quase totalmente ausente.
Reinventar-se, Redescobrir-se.
Ocupar a mente com o belo que tem na sua vida.
Buscar novos conhecimentos, ampliar os mesmos.
Agir sempre com inteligência, reconhecendo que ciúme só atrapalha e em nada acrescenta.
Estar seguro de si.
Respeitar a sua e a individualidade do outro.
Perceber que assim como você, esta pessoa também chora, sofre, dorme, come... ou seja, é igual a você. Não se faz necessário criar deuses e deusas pra você, pois são todos iguais.
E por fim, entender que ninguém é de ninguém.

Você diria: mas e a paixão, onde fica? Tudo isso não seria pensar de forma racional exageradamente?

Não. Paixão é projeção. A paixão cega, deixa-nos a mercê do outro, não por culpa do outro, mas porque vemos assim. Projetamos no outro, a nossa carência momentânea, e quando esta é alimentada, depois de certo tempo, nos perguntamos: o que eu vi ‘naquilo’?

E toda ‘aquela forte paixão’, aquele ciúme doentio, cessa de repente.
Aprendemos, claro. Tudo é lição. Tudo é experiência. E através destas experiências, nosso amor torna-se brando, calmo e tranqüilo. Seguro de si, por ser apenas o que é, ele mesmo.

Sem rótulos, sem explicações absurdas, leve e agradável.
Eliminando de vez este desastroso sentimento – o ciúme.
Porque aprendemos que ciúme não é em absoluto uma prova de amor. Mesmo porque o Verdadeiro Amor não exige provas, enquanto que a Paixão, tudo põe à prova.

Lembrar de relacionamentos doentios nos deixa acuados perante novos amores, novas amizades, mas, tudo faz parte. Tudo é construtivo quando queremos que seja construtivo.
Bastando para isso mudar o foco, olhar com outros olhos, mudar o ponto de vista.
Lembra da historinha no inicio do Blog?

Onde está a diferença?


Pense nisso...

Muito obrigada.

Com carinho

Gênice Suavi.